Karine Melo
Repórter da Agência Brasil
Brasília - A Comissão Parlamentar de Inquérito (CPI) do Tráfico de
Pessoas vai ouvir os envolvidos em suposto esquema de adoção ilegal na
cidade de Monte Santo, Bahia. Denúncia do programa Fantástico, da
Rede Globo, do último domingo (14), mostrou que cinco filhos, inclusive
uma criança de dois meses, foram tirados da casa dos pais pela polícia
para adoção. As crianças foram entregues a quatro casais de São Paulo,
entre maio e junho do ano passado. Há suspeita de irregularidades no
processo.
Segundo o presidente da CPI, deputado Arnaldo Jordy
(PPS-PA), na próxima reunião da CPI, marcada para o dia 30 de outubro,
serão convocados o juiz que autorizou a adoção, o atual juiz da cidade -
que quer reverter a decisão, a suposta agenciadora das crianças, os
casais que fizeram a adoção, além dos pais biológicos e das próprias
crianças. O Conselho Nacional de Justiça (CNJ) será convidado a
participar das oitivas. Depois os integrantes da CPI avaliarão há
necessidade de ir à Bahia estender as investigações.
O caso não é
único. Mais do que estranheza, gera indignação. O mais estranho é ver o
Poder Judiciário integrando este enredo. Como um juiz, que deve zelar
pelos direitos, faz uma coisa dessas? Concede a guarda das crianças em
24 horas, tempo recorde, quando sabemos que no Brasil um processo de
adoção pode durar até três anos e meio, disse Arnaldo Jordy.
Um
diagnóstico preliminar sobre o tráfico de pessoas no Brasil revela que
em seis anos quase 500 brasileiros foram vítimas do tráfico de pessoas.
Do total, 337 casos referem-se à exploração sexual. Mais 135 ocorrências
tratam de trabalho análogo à escravidão, segundo o diagnóstico
elaborado pela Secretaria Nacional de Justiça do Ministério da Justiça e
pelo Escritório das Nações Unidas sobre Drogas e Crime (Unodc).
Edição Beto Coura
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