A DITADURA DA MODA

Quem foi que disse que a mulher, para ser bonita, tem que ser magra? E que o homem para ser “o cara” tem que ser sarado? A moda dita seus padrões que são copiados sem questionamentos por milhares de pessoas. Cada vez mais é comum as meninas fazerem dietas mirabolantes e os meninos tomarem anabolizantes para desenvolver os músculos. Mas, por trás culto ao corpo escondem-se distúrbios psicológicos como a anorexia e a bulimia.

De acordo com a psicóloga Simone Marchesini, a anorexia é um transtorno alimentar em que a pessoa priva-se de se alimentar, levando-a a um emagrecimento a níveis abaixo do peso mínimo normal. Essas pessoas, na maioria mulheres, têm plena convicção de que são gordas e a idéia de virem a ganhar gramas, as apavora e gera angústia. Já a bulimia é carecterizada pela ingestão exagerada de alimentos calóricos, ao que a pessoa sente-se culpada e induz ao vômito, usa laxativos, diuréticos ou pratica exageradamente atividades físicas. Os dois distúrbios provocam também a depressão e devem ser tratados com antidepressivos e psicoterapia.

Hoje o culto ao corpo perfeito é um exagero e até as empresas estão deixando de contratar pessoas que estão dez por cento acima do peso normal, como foi denunciado à imprensa por um consultor de Recursos Humanos. A televisão e as revistas de moda são os principais veículos propagadores da ditadura da moda. Não vai faltar muito para encontrarmos nas ruas as Pocahontas latino-americanas imitando a Maria do BBB11.

Nos anos 1920 a moda era ser gordinha, sinônimo de saúde e de boa fecundidade. Agora a moda é ser cabide, como ditam os estilistas internacionais, sem contar que teimamos em não envelhecer e somos o país com o maior número de cirurgias plásticas. Devemos ser magras, viver de dieta e ter peitão de silicone.

Sabem o que penso de tudo isso? Que devemos ser felizes do jeito que somos, magras, gordas, altas ou baixas, o importante é que tenhamos uma auto-estima blindada contra os padrões que querem nos impor. Adoro saber que no próximo dia dezoito faço trinta e oito anos e me sinto muito bem. Já não tenho vinte anos, as mudanças que ocorrem no meu corpo são marcas do tempo, das experiências vividas. Antes de sair, adoro me arrumar, me maquiar, sair cheirosa. Dizem que nós mulheres nos arrumamos para as outras mulheres, por pura competitividade, mas eu me arrumo para mim, visto-me para me sentir bem. Quando estou de férias adoro andar de bermuda e chinelo, de cara limpa (embora eu goste mesmo de andar descalça). Devemos encarar a moda, cada uma a seu tempo, com seu estilo próprio. É bom nos olharmos no espelho e nos sentirmos seres humanos completos, com virtudes, defeitos e possibilidades de termos sempre novas experiências, independente de sexo, de idade, de peso, de cor de pele.

Não podemos amar alguém ou sermos amados, se não amamos a nós mesmos. Não temos que imitar a Gisele Bünchen, a Maria, o Rodrigão, ou quem quer que seja. A beleza está em sermos nós mesmos, assim, como nos vemos no espelho e lembrarmos que a verdadeira beleza reside na simplicidade. Portanto, olhe-se no espelho, admire-se e diga “eu me amo, porque sou um ser perfeito e tenho a capacidade de amar o meu semelhante”.

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Matéria: Niclécia Gama / Foto: Google / Postagem: Salvo Horley